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terça-feira, 19 de julho de 2016

CHARADE – I (1998) Alemanha



O mundo conforme o conhece-mos é uma charada e está a entrar em entropia. Coisa tão dispares como Riots na Turquia e no Brasil; o povo, agora mais instruido começa a ganhar consciência e a exigir direitos; queimadas na indonésia que estão a cobrir de fumo os países vizinhos e a provocar um grande mau-estar nessa região, cheias no centro da europa e na india, fome em paises que se queriam do 1º mundo e que correm o risco de fechar portas durante muitos e penosos anos enquanto os grandes centros financeiros jogam o monopólio com todos esses factores e se sentam em pilhas de dinheiro cada vez maiores, estão agora também eles a correr o risco de se tornarem vitimas da sua própria ganância devido ao empobrecimento do planeta e de ficarem sentados em cima de papel sem valor, isto só para ver quem tem o monte maior e quem tem mais poder. É pena, deviamos de estar a pensar em expansão espacial porque o nosso planeta não vai aguentar tanto abuso e um belo dia, tal como um cão que acaba de saír da àgua vai sacudir o corpo exausto e lá vamos nós fazer petróleo.
E qual a finalidade deste introdução?
O poder financeiro e as regras que impõe tem muitas variantes de ação e uma delas é prova de que a única coisa que temos de nossa são as nossas experiências de vida por esta breve passagem terrena. Assim sendo, atentem no que se segue.
Hans Ziller decidiu um dia formar uma banda. Corria o ano de 72 e o então jovenzito alemão, junto com os seus irmãos deram forma aos Cacumen. Entre muitas e enriquecedoras experiências, durante 14 anos fizeram um pouco pela vida, mas chegados a 86 foi tempo de dar o salto. Mudança de nome para Bonfire e estoirou o 1º disco, "Don't Touch The Light", que lhes valeu a entrada no mundo das rockstars, neste caso a nivel caseiro, alemanha. No ano seguinte editam o seu maior êxito comercial, "fireworks", que os levou a todos os cantos do mundo em eufóricas tours, com uma enorme promoção da sua musica e imagem; duvido que sejam assim tantos aqueles que não conheçam esse disco. A partir daí, alguns foram vencidos pelo cansaço e pelo factor familia. (Existe o caso de muitos musicos que se refugiam nas drogas e no alcoól, dão em malucos e suicidam-se ou são internados, vocês sabem como é). Mas no caso de Ziller, mais consciente, quis dar um tempo e aliviar mais a carga stressante imposta pela editora que queria a todo o custo continuar a explorar a galinha dos ovos de ouro até à gema, sem se preocupar com a parte mais importante, os musicos, e recusou prentóriamente as intenções de Ziller. A resiliência de Ziller só resistiu até 89, e então,... foi despedido! Despojado da sua criação! Sim, é essa uma das vantagens de ter dinheiro e consequentemente ditar a lei. Tiram-nos a pele e tudo mais! As coisas não foram pacíficas, os membros originais da banda, Ziller e Claus Lessmann, foram surpreendidos pela distribuição do poder de decisão atribuido aos outros membros da banda que manipulados pelo management, e na ganância de ganhar dinheiro e fama, se viraram contra a mão que lhes deu de comer, neste caso o veículo que os levou ao sucesso maior.
Ziller formou outro projecto, os Ez Livin' e pediu a Lessmann, seu amigo, que vocaliza-se os temas e ajudá-se na composição, mas a editora não permitiu e Ziller seguiu em frente enquanto Lessmann em rota de colisão com a editora e a banda, decide passado algum tempo; em 92; saír daquele barco maldito. Destino? EX, o novo projecto de Ziller e Lessmann, que iria concorrer directamente com a sua "jóia roubada", os Bonfire.
Agora e aqui, vou alertar-vos para o perigo da parcialidade, Ziller ficou sem a banda porque a editora lhe pagou bom dinheiro pelos direitos da mesma prometendo-lhe fidelidade e gestão; um erro que lhe saíu caro, mas que o tempo veio a resolver. Com a dissolução dos Bonfire, porque a galinha deixou de dar ovos, Ziller e Lessmann arquitectaram uma maneira de reaver os direitos da banda, e com o pagamento desses direitos aos ex-companheiros que os detinham, e porque estes também sabiam que daquela galinha nunca mais iriam comer omeletes, o processo foi resolvido com relativa facilidade, e Bonfire voltou de novo para as mãos de quem de direito.
Chegamos agora ao ponto fulcral que me fez escrever tudo isto. Quando Lessmann saíu, o posto de vocalista foi entregue a Michael Bormann, (Jaded Heart, Letter X, J.R. Blackmore), e durante algum tempo os Bonfire continuaram. Conseguiram compor material novo que, a editora se recusou a editar. Já não era Bonfire, era outra coisa que não iria resultar do mesmo modo e assim tudo terminou em 94.
Mas essa outra coisa,...; não era uma coisa qualquer. Angel Schleifer, guitarrista; proveniente dos Pretty Maids em 88, e M. Bormann, tinham composto algo que eles acharam que merecia a pena ver a luz do dia, e com muita insistência, conseguiram em 98 editar aquele que poderia ter sido, e no fundo era-o; o 5º àlbum dos Bonfire. Só que, quis a boa lucidez, que os dois musicos encontrassem uma forma de tornar o disco só seu; e nessa confusão, nessa incógnita, nesse mistério, nesse problema, nesse quebra- cabeças; em que todas essas preocupações juntas têm um sinónimo, esse, surgiu como a solução, e assim nasceu o projecto Charade.
Realmente, para Bonfire, não estava na linha do que se poderia esperar, mas com aquele flop do "Knock Out" quem sabe este não seria melhor?
Era aqui onde eu queria chegar. A este disco e a este projecto que teve continuidade em 2004. Talvez não saibam, mas este disco foi, e é, muito procurado pelos fans de Bonfire, que assim se tornou na jóia perdida da banda. Tudo isto é uma charada, não acham? Eheheheh!
Hard & Heavy melódico muito americanizado, deu um passo mais à frente com uma maior abertura vocal de Bormann; sem comparar Lessmann com Bormann, ambos excelentes vocalistas, mas Lessmann é mais limitado devido ao seu timbre de voz muito peculiar que é reconhecido de imediato em qualquer tema que ele vocalize. O disco foi composto em 93 por Schleifer, Deisinger e Bormann, com participações de Marc Ribler (Helix), Steve Plunkett (Autograph) e Robin MacAuley (MSG), e só por aqui já estão a ver onde vai a diferença. Devido à guerra de direitos de autor, Jorg Deisinger (baixo) e Edgar Patrik (bateria), tocaram no disco mas decidiram declinar qualquer referência no mesmo para não criar mais problemas. Todos se afastaram deste projecto como se tivesse sarna, mas a verdade, e na minha opinião, só o "fireworks" é que pode lutar qualitativamente com este disco, os restantes estão um pouco abaixo. Desde a editora aos membros da banda, todos se recusaram ou declinaram por bons ou maus motivos, a apoiar este disco, mas por todas essas razões e mais algumas, este, passou a ser a jóia perdida para os fans da banda. Foi uma pena que tudo se tenha passado deste modo, mas os filhos bastardos também podem ser reis.
Como podem constactar, tudo o que se passou em redor deste disco, sejam os predecedentes ou os consequentes, deixaram o caminho aberto para dois clássicos do hard & heavy melódico que são os discos Charade - I (gravado em 94 mas editado em 98); que é na realidade o 5º àlbum de Bonfire; e Charade - II (2004), este já liberto de qualquer impedimento ou ligação ao que quer que seja.
Num determinado sitio, a versão mais procurada do disco, que é a de duplo CD com os dois àlbums do projecto, é aquela que alguém vos vai presentear nesta noite de Sº João, patrocinada pelos desejos de boas sardinhadas e folia.
Dedicado ao An.TÓ.nio, amigo e familiar, grande fã de Bonfire que vai ficar a conhecer agora, o lado B do "Knockout".
McLeod Falou!


Temas:
01. Call My Name (Schleifer, Deisinger, Bormann )
02. You're My Home (Schleifer, Deisinger, Marc Ribler)
03. Heart To Heart (Schleifer, Deisinger, Marc Ribler)
04. Angel In Hell (Schleifer, Deisinger, Steve Plunkett)
05. Whisper In The Wind (Schleifer, Deisinger, Steve Plunkett)
06. Caroline (Schleifer, Bormann)
07. Waitin' For Love (Schleifer, Bormann)
08. Love Will Open The Door (Schleifer, Robin MacAuley)
09. Bad Boys (Schleifer, Deisinger, Bormann)
10. Heaven (Bormann)
Musicos:
Michael Bormann – Vocals, Acoustic Guitars
Angel Schleifer – Guitars, keyboards, programming
Not Listed:
Jorg Deisinger - Bass
Edgar Patrik - Drums


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