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sábado, 25 de julho de 2015

Gary Moore - Live At Montreux 2010 (2011) UK


Gary Moore! Para uma certa geração, bastam estas 2 palavras para pararem o que estão a fazer e encaminharem os seus sentidos em busca da origem das mesmas. Pode parecer exagerado ou submisso, mas não é. Totalmente o oposto. Quem viveu a geração de que falo, os anos oitenta; e viver refiro-me a partir de 84, com cabeça tronco e membros já bem alongados; sabe do que estou a falar. Não quero dizer aos mais novos que nós somos velhos porque os 40 são de verdade os novos 30; a evolução humana assim o permitiu.
Não havia televisão 24horas por dia, não havia telemóveis ou computadores, nem carros acessíveis a qualquer um, discotecas eram poucas e autênticos tascos, por isso o sentimento era puro. Vivia-se mais o momento, porque o momento era tudo o que se tinha, e sentia-se verdadeiramente as mensagens que artistas como o Gary passavam nas suas obras.
Gary Moore é um filho da guerra e da opressão. Nascido em Belfast em 1952, Gary viveu a pobreza do isolamento opressivo britânico. A sua adolescência e juventude viveu-a debaixo de constantes confrontos entre o IRA e o exército britânico.
A sua carreira musical divaga por caminhos diferentes durante vários anos, Skid Row (irlandeses), Thin Lizzy, irmãos de Belfast, entre outros. A sua capacidade guitarrística era notável para aquela época, o rapaz conseguia tocar 2 vezes mais rápido do que os outros guitarristas. Em finais de setentas, Gary segue em definitivo a sua carreira a solo.
Conforme a tendência da época, o seu hard rock era mais bluesy, êxitos como Parisienne Walkways assim o confirmam. Mas foi de 84 a 89 que viveu a sua época dourada a nível mundial, a qual lhe valeu por algumas vezes o titulo de melhor guitarrista do mundo. O seu nível musical entrou na era tecnológica, e foi nesses 5 anos que Gary compôs os hinos que fazem com que ainda hoje a geração de que falo se comporte com iniciei este texto. "Over the hills and far away", já deu a volta ao mundo e continuará a dar até à eternidade porque é uma canção carregada de sentimento sobre injustiça e amor, e Gary conseguiu expressar de tal forma esses sentimentos que basta só o rufar dos tambores no inicio da musica para nos pôr em sentido. "Out in the fields", onde na versão original Gary divide a música com o seu grande amigo Phil Lynott, os "meninos soldados" espelham na perfeição as vicissitudes da guerra.
Este álbum, que é agora editado foi gravado ao vivo em Montreaux, na Suiça em 2010; fora um ou outro tema é totalmente dedicado a essa época dourada da sua carreira. Penso que a razão de Gary ter gravado este disco com este alinhamento deve-se ao facto de estar a preparar o seu regresso a esse som no álbum que, dizem, iria ser editado já no final deste ano. Prova disso são as 3 músicas novas e ainda não editadas que apresentou neste concerto. Infelizmente Gary, não chegou a ver nascer essa obra. O destino não tinha esse plano para ele. Em Fevereiro deste ano (2011); Gary Moore deixou o mundos dos infelizes num quarto de hotel em Espanha. Nunca se esqueçam, a pena é de quem fica e nunca de quem parte. Falando agora deste disco, mesmo tendo Gary Moore como um ícone que se pudesse levar uns discos comigo para o outro mundo, alguns dele iria de certeza; devo dizer-vos que acho este álbum de muito fraca qualidade. A produção, em casos bem fáceis de perceber, é de má qualidade. Mas é fácil arranjar explicações para isso. Desde 1990, Gary enveredou por uma carreira de blues, e até há 2 anos atrás, foram blues sobre blues, chegando ao ponto em que sentiu falta dos grandes palcos e de grandes temas para agitar a sua vida. Esqueceu-se que tocar estas músicas não é a mesma coisa, não são intimistas nem tocadas em casa de fados no bairro alto, para uma dúzia de chapeletas pagarem um balúrdio por uma mesa e embebedarem-se a ouvir o muro das lamentações. Aqui exigia-se outra produção e apoio vocal. A mistura não funcionou. O som é fraco e mal produzido. É notório que quando o "still got the blues" é tocado, o mesmo som, soa de maneira diferente e a confirmação surge logo de seguida em "walking by myself". A voz de Moore até está bem, mas só nos blues, nas restantes, como referi anteriormente, precisava de apoio vocal. Outro aspecto é o som apertado nas musicas mais expansivas como "over the hills", "out in the fields", "thunder rising", "blood of emeralds", "military man". Para mim um disco desnecessário. Quem teve a brilhante ideia de o editar só pensou no dinheiro. Assim estraga-se o legado entre os viventes e pior ainda para as gerações futuras. Um aspecto positivo foi o valente exercício de guitarra que Gary proporcionou. Algumas músicas foram tocadas com alguns arranjos que sinceramente não destoaram nem ficaram mal. Talvez ganhassem dinheiro mais honesto se fizessem uma edição das músicas que Moore se preparava para lançar. E daí, poderá acontecer mais cedo do que imagino mas, assim nunca mais saímos da crise. Para os mais saudosistas, ouçam, que se vos fizer mal, passa depressa. Mas não deixem os mais novos ouvir sem antes comerem o cerelac todo, isto é, sem ouvirem aqueles 4 discos de 84 a 89. Se não o fizerem vão ficar decepcionados com o resultado.
Mcleod falou!



Temas:
01. Over The Hills And Far Away
02. Military Man
03. Days Of Heroes (новая композиция)
04. Where Are You Now? (новая композиция)
05. So Far Away/Empty Rooms
06. Oh Wild One (новая композиция)
07. Blood Of Emeralds
08. Out In The Fields
09. Walking By Myself
10. Johnny Boy
11. Parisienne Walkways
Banda:
Gary Moore – Guitar and Vocals
Neil Carter – Keyboards, Vocals & Guitar
John Noyce – Bass
Darrin Mooney – Drums





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